Passar da lembrança à memória exigiu do homem imensa determinação em
organizar as ideias e privilegiar o curto-circuito entre o que a imaginação
cria e o que a memória apreende e marca como tempo.
Articula-se a memória e a
imaginação para dar lugar ou tornar presente algo ausente, ou seja, a
preocupação com o esquecimento está colocada desde que o homem é homem e
aprendeu a falar, na tentativa de não apagar seus rastros e a não coincidência com
a imagem presente, evocada no que é contado e as marcas percebidas na voz de
quem conta uma experiência vivida.
Aristóteles dirá que “memória é
tempo”, “é passado”. Mas pode-se perguntar que tempo é esse, marcado por uma
memória que poderíamos chamar de original?
Refiro-me ao registro corpóreo, essa escrita produzida pelo que a voz imprime e
o que investe enquanto olhar sobre um bebê.
Trecho do texto "Memorar o Possível". - Teresa Palazzo Nazar
Trecho do texto "Memorar o Possível". - Teresa Palazzo Nazar